Práticas de autoconhecimento e comunidades alternativas inspiram temas de novos filmes de Bernardo Barreto

O ator e cineasta divide como a auto-conexão aprimora a expressão de sua jornada criativa

Ator e cineasta Bernardo Barreto

Conforme a maturidade avança, questionamos se as escolhas tomadas e o caminho profissional condizem com a nossa essência e se fazem conexão com nossa espiritualidade, desvinculada de religião. 

Na 7ª arte, a atuação demanda vulnerabilidade e ao mesmo tempo, o equilíbrio das emoções. Maturidade para não perder a espontaneidade frente à pressão de tantas de críticas.  “É preciso se entender, pois a área exige uma sensibilidade e contato profundo com si. A ansiedade pode vir sem controle pela hiperatividade mental. Não tenho mais crises, mas ela pode estar ali na esquina”, divide o ator e cineasta brasileiro Bernardo Barreto.

Vivendo entre o Brasil e os EUA, iniciou sua carreira aos XX anos com o personagem Cauã, protagonista de ‘Malhação’ em 2007. Em seguida embarcou para Nova York para estudar com alguns dos maiores mestres da atuação da América, XXX (acho legal colocar o nome não?).  A paixão pelo cinema e o desejo de levar narrativas autorais para as telas, o levaram a desenvolver-se como roteirista, diretor e produtor. 

Com isso, o artista sempre demonstrou interesse por práticas de autoconhecimento como a bioenergética, meditação e o yoga, o que o fez transitar por comunidades alternativas, de tempos em tempos Bernardo passa temporadas nas comunidades Osho Rachana, no Sul do Brasil, e na Humaniversity, no norte da Holanda. A temática aparece em seu filme “O Buscador”, inicialmente previsto para ser lançado ainda este ano, além do roteiro que finalizou durante a quarentena, o “Free Spirit”. 

A bioenergética ou a meditação ativa por exemplo, conciliam exercícios e movimentos sincronizados com a respiração, ajudando a expandir através da expressão física e emocional, a não se encolher frente a tantas dificuldades que se tem em um sistema social “antinatural”.

Essas terapias nos incentivam a ultrapassar os limites autoimpostos para uma nova compreensão e autoconfiança fundamentada: “Essas técnicas abrem o entendimento físico, não mental. Ajudam a enxergar que o segredo não está no controle, mas no contato com os sentimentos, na expressão. Não é para ler, é para fazer. A razão leva escolhas. A verdadeira conexão está em outro lugar”, comenta Bernardo. 

Para se sentir mais próximo de casa, Bernardo deixou sua casa em Nova York para passar a quarentena no Brasil, no litoral paulista. “Sentimos na pele como a quarentena mexe com nosso equilíbrio e responsabilidade social. Se fizermos essa viagem pra dentro, podemos atravessar essa fase com mais positividade, foco e energia”, conclui.

O Buscador 

Em “O Buscador” dirigiu, roteirizou e coproduziu, rendendo o prêmio Especial do Júri de Tallinn Black Nights Film Festival. Gravado no Brasil, relata a história de Isabela (Mariana Molina), filha de um poderoso político que cresceu cercada de luxo. Porém, ao se apaixonar pelo líder de uma comunidade sustentável e que prega amor livre, ela deixa sua vida de confortos para trás.  Quando, quatro anos mais tarde, ao tentar se reaproximar da família, ela descobre que seu pai está envolvido em um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil, Isabela precisa enfrentar os fantasmas de seu passado. Trailer de “O Buscador”: https://vimeo.com/295999617/29c62c11d9 

Free Spirit

Próximo filme a ser produzido que conta a história de uma comunidade itinerante de paz e amor.  Quando chegam no Brasil, um incidente com uma menina local, resulta numa destruição irreversível.

Passeando por sentimentos antagônicos, o que faz jus ao momento em os dias de isolamento provoque uma complexidade de emoções, o roteiro questiona até que ponto o amor pode atrair o ódio, e a liberdade pode causar a opressão. 

Texto por Daniela Scalabrin Mosqueira da Miki Malka